sábado, 30 de março de 2013


#70

O Conselheiro que gostava de cavalos

Ela o segurou pelo braço, pediu que ele se sentasse com uma arrogância nunca antes presente em seu sangue, e disse: Escute, só escute. Você não me conhece. Estamos quites, porque eu também não te conheço. Mas, a diferença é que morro por dentro porque queria. Queria poder ser aquela que sabe sua cor preferida, o número que você calça, o seu humor quando acorda cedo, o que te faz sorrir que nem bobo, e a parte do seu corpo que você não gosta que toquem sem aviso. O que me mata ainda mais é que tem tantas coisas pra saber, e tantas que eu nem devia, e nada disso impede que eu te ame do mesmo jeito, e com a mesma força que quando te olhei de longe, na porta da escola, no auge dos seus quinze imaturos anos, como um sonho impossível que me provocava por estar na minha frente e não me permitir "convivenciar". Sei que essas palavras juntas ou separadas podem ter surtido o mesmo efeito de senti-entendimento em você, mas me deixa acreditar que se eu colocá-las pra fora, o sentimento se esvai com elas.