quarta-feira, 24 de maio de 2017

#74

Poeminha docinho sabor Jujuba!
Tentar falar dela, é só tentar e não conseguir
Sua beleza oriental é impossível traduzir
Seus olhinhos tão pequenos são a minha inspiração
Em contraste com os olhos um enorme coração.
Seu sorriso delicado encanta os olhos de quem vê
Júlia sua linda esse sambinha é pra você.
#73

Onde buscarei paixão pra conceber novas ideias? 
Meus ouvidos estão sangrando.
Estou tentando não cair.
Perdidos os sentidos, não tenho mais pra onde ir.
A circunstância me comprime a me prender dentro de mim.
Ironia desesperada, é de onde eu sempre quis fugir.
O fardo do fracasso é uma dor insuportável.
Não ter nada a oferecer torna isso intolerável.
O rio de lágrimas secou, já não aguento mais.
Que vergonha lastimável, eu tenho pena dos meus pais.
Uma chacina altruísta sou meu único refém.
PLAU
Existência apagada de quem nunca foi ninguém.
#72

Só mais um trago
Tava vendo o espelho naquele cigarro.
Me traga e me solta, me mata aos poucos.
Só faz sentido enquanto enquanto arde o fogo.
O vício é muito mais que querer, é tentar resistir a uma vontade louca.
Sou tua fumaça, se for pra morrer que seja na tua boca´.

terça-feira, 8 de abril de 2014

#71

INTENSO.
Talvez eu devesse me desculpar por começar essa narrativa de maneira tão objetiva e talvez até um tanto deselegante, sem nem te oferecer, já de início, um lugar na minha poltrona frente a lareira, sentindo o calor e namorando a chuva que teima em provocar o fogo pela porta entreaberta. Fique à vontade. Beba seu café antes que o frescor da chuva o esfrie. A chuva esfria. Traiçoeira.
INTENSA. Sim. Até engraçado pensar que sem intenção, essa combinação é exata. Nada define, melhor que INTENSIDADE, mesmo que pareça infinitamente clichê. E é.
Sabe, quando um simples olhar te provoca uma verdadeira catástrofe físico/química/psicológica? INTENSO. Desde o primeiro momento. Sem mais explicações, ou motivos pré-meditados, e ainda: Nada mais que possibilitasse a quebra daquele contrato assinado há muitas vidas atrás, afirmando pelo arrepio da pele e pelo reconhecimento das almas através dos olhos. Tinha que ser feito. E foi. INSTINTO. Ali, nenhum pudor que criasse impedimento ou justificasse o nome de anjo. Era pele. Os corpos ardiam diante de uma simples premissa: O descanso dos olhos. Era chama. Desde o delicado encontro dos lábios, o toque ao seio numa fome tão voraz e ao mesmo tempo singela, maternal tal como estivesse se sentindo em casa, pedaço do meu chão. Um só. Até a perfeita cadência da ginga, do samba entre nossas cinturas. Era um diálogo tão perfeito que chegava a ser sobrenatural. A conversa fluía dentro de um vulcão que tornava praticamente impossível um encontro sem atrito. ERA. Assim como café esfria. A chuva ou lava, ou devasta. INTENSIDADE. É, a chuva ainda insiste em provocar a porta entreaberta, vejo a garoa. Chove, não molha mas não desiste. Continua lá cada vez que abro a janela.

sábado, 30 de março de 2013


#70

O Conselheiro que gostava de cavalos

Ela o segurou pelo braço, pediu que ele se sentasse com uma arrogância nunca antes presente em seu sangue, e disse: Escute, só escute. Você não me conhece. Estamos quites, porque eu também não te conheço. Mas, a diferença é que morro por dentro porque queria. Queria poder ser aquela que sabe sua cor preferida, o número que você calça, o seu humor quando acorda cedo, o que te faz sorrir que nem bobo, e a parte do seu corpo que você não gosta que toquem sem aviso. O que me mata ainda mais é que tem tantas coisas pra saber, e tantas que eu nem devia, e nada disso impede que eu te ame do mesmo jeito, e com a mesma força que quando te olhei de longe, na porta da escola, no auge dos seus quinze imaturos anos, como um sonho impossível que me provocava por estar na minha frente e não me permitir "convivenciar". Sei que essas palavras juntas ou separadas podem ter surtido o mesmo efeito de senti-entendimento em você, mas me deixa acreditar que se eu colocá-las pra fora, o sentimento se esvai com elas.

#69

Olhe as horas, Romeu

Observo seus olhos brandos, quase infantis
Verdes de uma esperança lúdica, antes de anoitecer
Pairando escuridão em céu, vento leva tua alma e tua roupa
Reina teu corpo Romeu, de brisa a tempestade louca
Ardente, inerente, preciso e profundo
Por gestos não se esvaiu, ainda há anjo no fundo
Até que amanheça e o calor vá embora
Veste tua alma fragmentada
Tua roupa amassada
Vire as costas, e vá embora
E dessa vez não esqueça seus olhos e suas asas pendurados na porta.

#68

Aparatus - 1º Ato 

Bate o sol na janela
Com força semelhante a qualquer dessas catástrofes naturais.
Como se seus olhos inchados e sua represa querendo explodir, também não fosse catastrófico diante da situação.
Eu queria acreditar que não.
Eu era represa, ali querendo ser indefesa, pra não travar uma guerra com meu próprio interior.
Decidi que, afinal e apesar, águas só lavam. Te abracei com minha chuva.
Desaguamos tempestade e trovão.
Agora o destino decide se vai abrir o tempo. Não só la fora, mas aqui dentro.
Tempestade e trovão.
No céu.
No coração.

#67

No matter. Try again. Fail again. Fail better.
Falha, mais uma vez.
Falhar de novo, você me fez.
Mas eu só segui Samuel Beckett: "Não importa.Tente de novo. Falhe de novo. Falhe melhor.
Parece que esse conselho só tornou a situação ainda pior.
Tão pior quanto a chuva que alaga meu deserto.
Tão pior quanto quando o seu cheiro não está por perto.
Tão pior. Pior que indiferença a dúvida que o torna mais incerto
Melhor que estar vivo, sofrendo, inseguro.
O que não impede que a cabeça trave uma batalha com o coração que ainda espera pra nós um futuro.
Batalha essa que já está perdida pelos meus exércitos interiores.
Perdendo pra mártires, juízes e ditadores.
Tão pior.
Saber que essa é a última batalha que dá sentido a guerra e com ela estão arraigados esses sentimentos traidores.
E entre traidores e carrascos, morreram-se todos.
E de jeito nenhum seria possível para mim, hoje, colher os louros.
E ainda que eu pudesse colher algum lucro nunca faria sentido comemorar a "desglória" de te vencer de alguma forma ao invés de ter você aqui comigo
Pois tua carícia é melhor do que qualquer troféu.
Pois sem não há motivo para rima ou cordel
SEM VOCE
Sem saber
Sentir
SEM TI

#66

"Você se desgastou muito" "Você tem razão, demorei pra sentir o resultado" O corpo só sente as consequências depois que o sangue esfria.

#65

Só de pensar em você meus olhos já começam a lacrimejar, ainda finjo que entrou um cisco, que é o clima ou algo que não seja você a me torturar.

#64

Des-figurada
É pra você, mesmo que não faça sentido.
É pra você mesmo que você não tenha partido.
Você sequer chegou, mas partiu.
A mim, em vários pedaços.
Que mesmo colados, nunca voltariam a formar a mesma figura.
E mesmo que ainda forme alguma, nem que não faça sentido.
Sempre haverá essa fissura.
Resultante da fissura que você me causou num primeiro momento.
Como um loop infinito. Um algoritmo de lamento.
Vai sempre dar erro enquanto houver a fissura no coração que não recebe sentimento.

#63

Mulheresia
Tira o chapéu e o bigode
Quem disse que pra ser poeta tenho que ter nascido homem?
Tira a sunga e bota saia
Um biquíni é melhor poesia é minha praia
Põe vestido e batom
Nasci desse jeito quer você queira ou não
Escrever é minha arte
Talhar a vida em poesia, esse é o meu dom

#62

Olhos Lindos
Lindos olhos. De quem me viu.
Vi de perto que transbordam seu comportamento vil.
O mais difícil é engolir a culpa sem mesmo água ou vinho.
Principalmente quando prefiro me engasgar pra esquecer
Que um dia vi seus olhos, que um dia vi você.

#61

Síntese
Dos dias mais claros
Mesmo que a luz fosse intensa
Ele me escurecia, me invadindo feito uma doença
Que por nada tinha cura
E que por nada cessava mesmo que lancinante fosse
Minha cabeça não queria, mas meu corpo Ia a sua procura
Era bom e ao mesmo tempo ruim
Era nada mais do que eu precisava pra mim
Era insano, amargo, doce
Podia fazer um bem temporário
Um mal duradouro
Eu fechava os olhos e sentia
Podia ser o que fosse
Diante de você, era tudo que eu queria.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

#60

Oração:
Oh Jack, meu Deus. Nunca deixe que eu seja feliz. Não será difícil.
Faça de mim a essência de sua destruição lenta e lancinante.
Faça de mim todo o ódio presente na fúria.
Me destrua para que sempre mais forte ainda eu me reconstrua.
O corpo é do diabo Jack, mas a alma é sua.

sábado, 10 de setembro de 2011

#59 - FRAGMENTO - Enfim, Meu. -Enfim, não faço parte dele mas ele faz de mim -

Noite alta, e como sempre o único moreno que me dá a certeza de lealdade me faz companhia e leva minha insônia ao remate, o Café. Antes fosse mais uma madrugada daquelas onde eu sento em frente ao computador e escrevo sonhos sobre pessoas inalcançáveis. Abriria os olhos e lá estaria minha realidade preta e branca embalada ao som de folkrock, cheiro de bebida -like a rockstar, livros e filmes que ninguém mais leu ou viu.
É, mas acontece que você está aqui. Não comigo, pelo menos ainda.
Mas está.
Perto.
Zé Ramalho explica o estado em que você me deixa num simples verso de Chão de Giz: “Há meros devaneios tolos a me torturar” Como não. Com sua sutileza demasiada, mãos pesadas e ao mesmo tempo totalmente suaves como seu coração. Tão leve, como o vento de uma manhã lenta e longe de qualquer tipo de caos. Só o que ele mesmo causa. Olha-lo me remete a pensar primeiramente em seus olhos, tão verdes quanto a minha esperança de estar em seus braços fortes como a intensidade da minha respiração perto dele. Seria injusto se eu definisse algo que me excite mais nele, mas com certeza o misto entre a inocência presente abaixo de seus olhos e sua natureza masculina extremamente marcante como seu perfume contribui de uma maneira bem forte. Forte é uma palavra que não pode fugir em nenhum momento de sua descrição. É uma de suas qualidades mais nobres e o que me faz fantasiar sobre ele o tempo todo. A força de seu corpo juntando o meu num lugar proibido, suas mãos me delineando com o cuidado e a inspiração de um artista pincelando uma tela em estilo abstrato. Eu de costas pra ele, mesmo assim seus braços me envolvem como chamas de um incêndio num lugar sem saída de emergência, mas quem brinca com fogo quer mesmo é se queimar. Minha mão desliza no intervalo entre seu abdômen e seu sexo já tão rochoso quanto eu quisera que meu coração fosse para não ter que me decepcionar sempre com a linha tênue entre expectativa e realidade. Devagar, ele me virou de frente pra ele, a gente se olhou sem dúvidas de que era exatamente aquilo que queríamos e nada seria capaz de nos interromper, e além de mútuo era, como ele mesmo gosta de dizer: “Intrínseco”. Havia QUÍMICA. Trocadilhando e não também.
O lugar “proibido” era só uma escapada dele no trabalho. O que dava sentido intenso a palavra nem era o lugar em si, mas o movimento frenético que causava uma adrenalina ainda mais arrebatadora. Puxou-me com força pelos ombros, e sussurrou palavras quase inaudíveis (ou eu estava tão extasiada com o momento que não consegui compreendê-las? Não importa, era excitante do mesmo jeito). Não havia tempo sobrando e nem era o lugar perfeito para o fetiche clichê de arrancar roupas de assalto e lembrar depois que saindo dali você ainda teria que usá-las. Beijou-me, quando seus lábios tocaram os meus parecia que era a faísca necessária pra incendiar o resto do corpo, como aconteceu. Enquanto ele me beijava, tirava minha blusa e minhas mãos seguiam o caminho para abrir o zíper de sua calça. Esses momentos servem para que a gente reflita: COMO ESSES FECHOS SÃO DESNECESSÁRIOS! Ia ser muito mais fácil se vivêssemos todos nus, essa é a verdade. Apesar de que roupas influenciam altamente na libido, mas agora não é hora para estudos científico-sexuais. Ajoelhei-me em sua frente, e não poderia entender aquilo como outra coisa a não ser um presente, acariciei, beijei, lambi, chupei e aproveitei-me de todas as maneiras possíveis daquele membro, sem o menor pudor. Melhor que essa sensação, só o gosto do seu sêmen morninho que me preencheu a boca inteira. Ele descobriu meu ponto fraco para a submissão, levantou-me, puxando-me os cabelos, a partir daquele momento ele me teve por inteira e tinha todo controle sobre mim. Empurrou-me, com dureza contra a parede, deixando-me novamente de costas pra ele, puxou-me pelas ancas, deixou-me inclinada e dizer que ele tirou minha calça seria gentil, ele arrancou com a ânsia de quem queria mostrar que era meu dono ali. Macho Alpha. Invadiu-me. Sem cerimônia. Sabia como me enlouquecer como se nunca tivesse saído dali. Enquanto ele marcava seu território, me puxava os cabelos, e o que me fazia perder ainda mais a razão. E cada vez, cada vez que ele fazia morada mais profunda em mim eu sentia não só o prazer de seu corpo explorando o meu, mas sentia que começava ali algo que dificilmente sairia de mim com facilidade. Ele me inflamava não só o corpo, mas também o ego. Todo prazer era dobrado, como uma droga. Eu já não conseguia nem pensar se eu ia querer me libertar da embriaguez que ele me causava. Eu não queria pensar, ou eu não ia querer. Ele me jogou no chão, de mãos pesadas, de sorriso leve. Sentou e me colocou em seu colo, guiava-me pela cintura como se minhas costelas não existissem. Hora apressadamente, hora vagarosamente até que me tirasse de cima de seu sexo pelos cabelos e me jogasse novamente contra a parede para ejacular novamente em minha boca o sentido pelo qual estávamos ali. Mal percebi que aquele conto de fadas havia acabado enquanto ele já estava recomposto, levantou-me e deu minha blusa na mão, vesti. Me olhou com aqueles olhos verdes de delicadeza, carência e paixão inesgotáveis e que no fundo me maltratavam mais que todo sofrimento que já havia me dilacerado de corpo e alma. Eu sempre soube que aqueles olhos não poderiam ser meus. Eram inexpugnáveis. Eu nunca os venceria.
Ele me olhou e disse: Seu único problema com literatura é estar condicionada a ler acreditando que a resposta pra tudo está nas entrelinhas, e se esquecendo de prestar atenção no que está em negrito bem na frente dos seus olhos.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

#58

Dás páginas de Shakespeare
Nada mais tem graça sem o seu perfume.
Sedutor.
Uma de suas características mais marcantes.
Seu sorriso jocoso, ou o verde dos mais belos olhos.
Difícil dizer o que me deixa mais chamejante.
Difícil dizer o que não me encanta em você.
Coração de menino.
Meigo, bruto.
Essência que não me deixa esquecê-lo nem por um minuto.
Já começa por seu nome, romântico por natureza.
Romeu, dás páginas de Shakespeare.
Quem dera eu pudesse ser sua Julieta.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

#57

O Quarto
De todos, era o único
O único diferente
O único que me fazia sentir se tivesse ausente
Era de todos, o mais gracioso
O que te fazia pecar era seu ar: Presunçoso
Mas... era ele!
Mesmo com todos os defeitos, era ele
Quem me acendia e incendiava com o calor de seus beijos
Era ele, da pele morena cor de chá
Seu ódio me levou de arrasto e eu aprendi a amar
Ah! amar tão vasto. Amar, mar que virou cama do seu desprezo.
Tão vasto, tão imenso.
Assim me visto.
Olho para o retrato e, é sensato?
Jamais poderia haver algo além da porta do seu quarto.